quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Grande Jogada Cinematográfica


A Nova Estratégia Cinematográfica
E a Grande Jogada da Marvel

Passeando pelos sebos da cidade, olhando revistas usadas ou semi-novas de Cinema me deparei com Scarlett Johansson na MOVIE N°7, “Homem de Ferro 2, Os Bastidores, Os negócios e a política do blockbuster mais esperto do ano”. Os outros demais títulos da capa não me chamaram tanto a atenção, mas paguei R$ 2,50 na revista que nova custou R$ 10,00 a alguém. Lacrada não pude ver o que havia a mais dentro, eu acreditava que a revista fosse 90% de propaganda e 10 de matérias e resenhas, mas esta revista me surpreendeu positivamente com muitas resenhas inteligentes e poucas propagandas. Não sei aonde li na capa que seria uma matéria sobre Os Vingadores e o maior sucesso de bilheteria da história, todavia os artigos me fascinaram da mesma forma e com o mesmo objetivo. Os procurei na internet, mas não os encontrei, tive então de digitar os seguintes textos, muito relevantes para o futuro do cinema, tanto para aqueles que o produzem, quanto para os expectadores.        


Logo na sexta página a revista apresenta o seguinte artigo:

O FIM DO CINEMINHA

            Você arriscaria milhões de dólares em um negócio que demoraria anos para gerar o primeiro faturamento, e tem retorno médio de 2,6%? Isso é o que rende um filme produzido em Hollywood. Se você considerar que qualquer produção nos estados unidos esta na faixa dos US$ milhões, é pouco convidativa a perspectiva de um retorno de US$ 780 mil, depois de uns três anos de suspense – do primeiro roteiro ao final da careira do filme. Qualquer investimento financeiro conservador da mais dinheiro do que isso. Imagine se custar US$ 200 milhões. O modelo de negócio tradicional dos estudos foi colocado em cheque muitas vezes. Pelo cinema falado, pela cor, pela televisão, TV paga, pelo VHS. Mas desta vez o cheque é mate. Razões:

- A diminuição da liquidez em todo o mundo, por conta da recente crise financeira;

- A multiplicação infinita de distrações divertidas, nativas do mundo digital;

- A pirataria;

- A queda de vendas de DVDs (28% com relação ao auge de 2004, quando foram de US$ 12 bilhões no mercado americano);

- A possibilidade de donwloads não-pagos de filmes de todas as épocas e países.

         Resultado: Estão minguando as fontes de financiamento para Hollywood, e elas não voltarão aos patamares anteriores. 
       Ou pelo menos é nisso que acreditam os grandes estúdios. Por isso, alguns dos mais poderosos executivos da indústria perderam seus empregos nos últimos meses.

   A solução? Fazer menos, melhor e principalmente maior. A maior parte das produções caras em 2010 – e em 2011 e além – obedecem a este figurino. É o romance água com açúcar, a aventurinha para toda família, o policial genérico. Boa Notícia. Porque pouca coisa saiu deste veio em décadas e décadas. Em vez de pegar um despretensioso cineminha, para sair de casa o consumidor agora exige um cinemão. Este cinemão tem a marca pessoal dos diretores. Ame ou odeie Avatar ou Alice ou Robin Hood, difícil negar que são em primeiríssimo lugar resultados pessoais de James Camaron, Tim Burton e Ridley Scott. Ou no caso de Homem de Ferro 2, da Marvel, que é um filme muito significativo no novo momento. É a bilheteria mais garantida do ano. Foi desenvolvida dentro de um grande plano Marvel, e é o eixo central de uma grande franquia, com mais nove superproduções planejadas para os próximos anos. Mas traz as digitais de grandes roteiristas e desenhistas de gibis, novos e antigos. É produto de um comitê de criadores, não de burocratas. Neste sentido, é autoral – ainda que criação coletiva.
A Marvel, recentemente comprada pela Disney por US$ 4,3 bilhões, faz exatamente o tipo de super produção que combina com 2010. Melhor, com heróis conhecidos dos públicos e queridíssimos de fãs xiitas. Que não se contentam em ver e rever os filmes, mas exigem continuação e querem se relacionar com estes personagens de muitas outras maneiras – O que rende milhões aos estúdios, via licenciamento. O fato de Hollywood pruduzir menos abre espaço preciso no mercado global para filmes “pequenos”, pelo menos em termos de custo. É o crescente espaço da produção independente mesmo, e das cinematografia de países como a Argentina – que merecidamente levou o Oscar este ano (2010) – e, claro, o Brasil. O cineminha não vai deixar saudades. Muito melhor é o grande cinema – seja ele de orçamento grande ou pequeno. André Forastieri.                  
                                                                    
CAPITALISTA COM SUPERPODERES

Como a Marvel virou estúdio,
construiu o mais previsível sucesso de bilheteria de 2010
e lançou as bases para dominar as bilheterias na próxima década.

            (Pág 44/45) Foi uma grande realidade. A DC Comics fez a primeira superprodução baseada em quadrinhos com Super-Homem, interpretado por Christofer Reeve, em 1978. Com um primeiro filme extremamente bem sucedido – e um segundo que segurou a onda – Estava lançada a era moderna dos super-heróis no cinema. É verdade que Super-Homem 3 e 4 foram risíveis e ajudaram a manter os personagens dos quadrinhos longe da tela, numa grande produção, até 1989, ano em que Tim Burton comandou Batman, num longa que gerou febre gigantesca. Mas a saga do Homem-Morcego nas telas terminou de maneira melancólica em 1997, com Batman e Robin.
            Enquanto isso, a Marvel Comics a outra grande editora de HQ, atravessou 1990 com problemas financeiros. Em 1998, modestamente lançou Blade, filme estrelado por um personagem secundário e vítima da maldição: Sempre que uma revista própria é lançada, ela é cancelada alguns meses depois por baixas venda. A editora escolheu começar de vagar, sem um peso-pesado que poderia gerar uma grande expectativa gigante que ninguém precisava suportar naquele momento.  
Com o terreno devidamente testado, foi a vez de investir nos X-Men, personagens extremamente conhecidos dos iniciados nos quadrinhos, porém não queriam dizer muita coisa para o grande público. Mas a responsabilidade do diretor Bryan Singer e de seus pupilos era grande, já que este longa seria a pedra fundamental da Marvel no cinema. Deu muito certo e ajudou a gerar blockbusters como Homem-Aranha (2002), Hulk (2003), X-Men Origens: Wolverine (2009) e outros nem tão bem sucedidos como Demolidor (2003) e Elektra (2005). Nenhum deles produção da Marvel. Só que em casa um deles a empresa influenciava mais e mais. (Para mim está última frase me pareceu com pouco sentido, mas após ler alguns outros textos, o autor parece referir-se que em 2008 a Marvel criou sua própria produtora a Marvel Studios, produzindo assim seus próprios filmes).
            Com o sucesso no cinema e novo fôlego nas finanças, a Marvel Studios decidiu dar seu passo mais ousado: transportar seu universo para as telas com Homem de Ferro, Thor e Capitão América. Com direito ao primeiro filme da história reunindo super-heróis, os vingadores, que estréia em 2012. É a transposição do conceito de “universo compartilhado” das HQs, em que os acontecimentos de uma história influem nas outras... (O que nos remete ao texto de André Forastieri, acima, onde não apenas as Produtoras internacionais se obrigam a se juntar para uma produção “Fazer menos, melhor e principalmente maior”).

         
         No longa de estréia, Jon Favreau tinha uma grande responsabilidade nas mãos: Homem de Fero – O Filme (2008)  tinha que dar certo de qualquer forma. Era a primeira produção que a Marvel Studios tinha o controle total, ou seja, era importante que Favreau tivesse um vencedor nas mãos até para assegurar o bom andamento dos longas que vieram a seguir. A aposta foi certeira (O Homem de Ferro 2 e Os Vigadores) são a pedra fundamental para três filmes com o Capitão América, mais três de Thor, e sabe-se quantos Vingadores e quantas continuações do próprio Homem de Ferro. Não casualmente, todas produções que têm total controle da Marvel Stúdios, pacote que não estão inclusos Homem-Aranha, Quarteto Fantástico e X-Men, já comprometidos com outras empresas. Odair Braz Jr.

A Resenha se estende mais um pouco, fazendo uma crítica ao segundo filme do Homem de Ferro, tema da revista, fugindo assim do foco que gostaríamos de dar a esta postagem.      

         O texto de Braz me pareceu muito condizente e me fez pesquisar mais informações sobre os filmes da Marvel e seus correspondentes anos de lançamentos. Obtive essa curiosidade a partir do momento que me dei por falta do Quarteto Fantástico após ele citar os blockbusters em sua resenha. Sendo assim busquei por uma lista confiável de lançamentos dos filmes. 
          A lista presente no site oficial da Marvel inicia com o filme Howard The Duck, sabe Deus o que é isso, mas podemos levar em consideração que tenha realmente começado com Blade. Todavia na wikipédia a lista se estende ainda mais nos apresentando filmes ainda mais antigos que Blade 1998. Nela se inclui Capitão América 1944, dois em 1979 e um em 1990 com uma versão quase idêntica da atual 2011. Nesta lista também se encontram filmes como: Dr. Estranho de 1978, Nick Fury: Agente da S.H.I.E.L.D. também de 1998 e Quarteto Fantástico 1994. A segunda resenha aqui apresentada me pareceu que o primeiro filme da Marvel havia sido Blade (Não sei se pareceu isso para vocês também).
       Contudo fiquei curioso a respeito da velha safra dos filmes e que ligação ela teria com a resenha de Odair Braz Jr. Seja como for, as evidências são claras a respeito da grande jogada cinematográfica da Marvel para alcançar a maior bilheteria da história. Espero que tenha se surpreendido também com o texto que eu trouxe até você e quiserem busquei a revista e leiam os outros artigos também, que valem muito a pena. Abraços!

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