A Nova Estratégia Cinematográfica
E a Grande Jogada da Marvel
Passeando
pelos sebos da cidade, olhando revistas usadas ou semi-novas de Cinema me
deparei com Scarlett Johansson na MOVIE N°7, “Homem de Ferro 2, Os Bastidores,
Os negócios e a política do blockbuster mais esperto do ano”. Os outros demais
títulos da capa não me chamaram tanto a atenção, mas paguei R$ 2,50 na revista
que nova custou R$ 10,00 a
alguém. Lacrada não pude ver o que havia a mais dentro, eu acreditava que a
revista fosse 90% de propaganda e 10 de matérias e resenhas, mas esta revista
me surpreendeu positivamente com muitas resenhas inteligentes e poucas
propagandas. Não sei aonde li na capa que seria uma matéria sobre Os Vingadores
e o maior sucesso de bilheteria da história, todavia os artigos me fascinaram
da mesma forma e com o mesmo objetivo. Os procurei na internet, mas não os
encontrei, tive então de digitar os seguintes textos, muito relevantes para o
futuro do cinema, tanto para aqueles que o produzem, quanto para os
expectadores.
Logo na sexta página a revista
apresenta o seguinte artigo:
O FIM DO CINEMINHA
Você
arriscaria milhões de dólares em um negócio que demoraria anos para gerar o
primeiro faturamento, e tem retorno médio de 2,6%? Isso é o que rende um filme
produzido em Hollywood. Se você considerar que qualquer produção nos estados
unidos esta na faixa dos US$ milhões, é pouco convidativa a perspectiva de um
retorno de US$ 780 mil, depois de uns três anos de suspense – do primeiro
roteiro ao final da careira do filme. Qualquer investimento financeiro
conservador da mais dinheiro do que isso. Imagine se custar US$ 200 milhões. O
modelo de negócio tradicional dos estudos foi colocado em cheque muitas vezes.
Pelo cinema falado, pela cor, pela televisão, TV paga, pelo VHS. Mas desta vez
o cheque é mate. Razões:
- A
multiplicação infinita de distrações divertidas, nativas do mundo digital;
- A pirataria;
- A queda de
vendas de DVDs (28% com relação ao auge de 2004, quando foram de US$ 12 bilhões
no mercado americano);
- A
possibilidade de donwloads não-pagos de filmes de todas as épocas e países.
Resultado: Estão minguando as
fontes de financiamento para Hollywood, e elas não voltarão aos patamares
anteriores.
Ou pelo menos é nisso que acreditam os grandes estúdios. Por isso,
alguns dos mais poderosos executivos da indústria perderam seus empregos nos
últimos meses.
A solução? Fazer menos, melhor e
principalmente maior. A maior parte das produções caras em 2010 – e em 2011 e
além – obedecem a este figurino. É o romance água com açúcar, a aventurinha
para toda família, o policial genérico. Boa Notícia. Porque pouca coisa saiu
deste veio em décadas e décadas. Em vez de pegar um despretensioso cineminha,
para sair de casa o consumidor agora exige um cinemão. Este cinemão tem a marca
pessoal dos diretores. Ame ou odeie Avatar ou Alice ou Robin Hood, difícil
negar que são em primeiríssimo lugar resultados pessoais de James Camaron, Tim
Burton e Ridley Scott. Ou no caso de Homem de Ferro 2, da Marvel, que é um
filme muito significativo no novo momento. É a bilheteria mais garantida do
ano. Foi desenvolvida dentro de um grande plano Marvel, e é o eixo central de
uma grande franquia, com mais nove superproduções planejadas para os próximos
anos. Mas traz as digitais de grandes roteiristas e desenhistas de gibis, novos
e antigos. É produto de um comitê de criadores, não de burocratas. Neste sentido,
é autoral – ainda que criação coletiva.
A Marvel, recentemente comprada pela Disney por US$ 4,3 bilhões, faz
exatamente o tipo de super produção que combina com 2010. Melhor, com heróis
conhecidos dos públicos e queridíssimos de fãs xiitas. Que não se contentam em
ver e rever os filmes, mas exigem continuação e querem se relacionar com estes
personagens de muitas outras maneiras – O que rende milhões aos estúdios, via
licenciamento. O fato de Hollywood pruduzir menos abre espaço preciso no
mercado global para filmes “pequenos”, pelo menos em termos de custo. É o
crescente espaço da produção independente mesmo, e das cinematografia de países
como a Argentina – que merecidamente levou o Oscar este ano (2010) – e, claro,
o Brasil. O cineminha não vai deixar saudades. Muito melhor é o grande cinema –
seja ele de orçamento grande ou pequeno. André Forastieri.
CAPITALISTA COM SUPERPODERES
Como a Marvel virou estúdio,
construiu o mais previsível sucesso
de bilheteria de 2010
e lançou as bases para dominar as
bilheterias na próxima década.
(Pág 44/45) Foi uma grande
realidade. A DC Comics fez a primeira superprodução baseada em quadrinhos com
Super-Homem, interpretado por Christofer Reeve, em 1978. Com um primeiro filme
extremamente bem sucedido – e um segundo que segurou a onda – Estava lançada a
era moderna dos super-heróis no cinema. É verdade que Super-Homem 3 e 4 foram
risíveis e ajudaram a manter os personagens dos quadrinhos longe da tela, numa
grande produção, até 1989, ano em que Tim Burton comandou Batman, num longa que
gerou febre gigantesca. Mas a saga do Homem-Morcego nas telas terminou de
maneira melancólica em 1997, com Batman e Robin.
Enquanto
isso, a Marvel Comics a outra grande editora de HQ, atravessou 1990 com
problemas financeiros. Em 1998, modestamente lançou Blade, filme estrelado por
um personagem secundário e vítima da maldição: Sempre que uma revista própria é
lançada, ela é cancelada alguns meses depois por baixas venda. A editora
escolheu começar de vagar, sem um peso-pesado que poderia gerar uma grande
expectativa gigante que ninguém precisava suportar naquele momento.
Com o terreno devidamente testado, foi a vez de investir nos X-Men, personagens
extremamente conhecidos dos iniciados nos quadrinhos, porém não queriam dizer
muita coisa para o grande público. Mas a responsabilidade do diretor Bryan
Singer e de seus pupilos era grande, já que este longa seria a pedra
fundamental da Marvel no cinema. Deu muito certo e ajudou a gerar blockbusters
como Homem-Aranha (2002), Hulk (2003), X-Men Origens: Wolverine (2009) e outros
nem tão bem sucedidos como Demolidor (2003) e Elektra (2005). Nenhum deles produção
da Marvel. Só que em casa um deles a empresa influenciava mais e mais. (Para mim está última frase me pareceu
com pouco sentido, mas após ler alguns outros textos, o autor parece referir-se
que em 2008 a
Marvel criou sua própria produtora a Marvel Studios, produzindo assim seus
próprios filmes).
Com
o sucesso no cinema e novo fôlego nas finanças, a Marvel Studios decidiu dar
seu passo mais ousado: transportar seu universo para as telas com Homem de
Ferro, Thor e Capitão América. Com direito ao primeiro filme da história
reunindo super-heróis, os vingadores, que estréia em 2012. É a transposição do conceito de
“universo compartilhado” das HQs, em que os acontecimentos de uma história
influem nas outras... (O que
nos remete ao texto de André Forastieri, acima, onde não apenas as Produtoras
internacionais se obrigam a se juntar para uma produção “Fazer menos, melhor e
principalmente maior”).
No
longa de estréia, Jon Favreau tinha uma grande responsabilidade nas mãos: Homem
de Fero – O Filme (2008) tinha que dar
certo de qualquer forma. Era a primeira produção que a Marvel Studios tinha o
controle total, ou seja, era importante que Favreau tivesse um vencedor nas
mãos até para assegurar o bom andamento dos longas que vieram a seguir. A
aposta foi certeira (O Homem de Ferro 2 e Os Vigadores) são a pedra fundamental
para três filmes com o Capitão América, mais três de Thor, e sabe-se quantos
Vingadores e quantas continuações do próprio Homem de Ferro. Não casualmente,
todas produções que têm total controle da Marvel Stúdios, pacote que não estão
inclusos Homem-Aranha, Quarteto Fantástico e X-Men, já comprometidos com outras
empresas. Odair Braz Jr.
A Resenha se
estende mais um pouco, fazendo uma crítica ao segundo filme do Homem de Ferro,
tema da revista, fugindo assim do foco que gostaríamos de dar a esta postagem.
O texto de Braz me pareceu muito
condizente e me fez pesquisar mais informações sobre os filmes da Marvel e seus
correspondentes anos de lançamentos. Obtive essa curiosidade a partir do
momento que me dei por falta do Quarteto Fantástico após ele citar os
blockbusters em sua resenha. Sendo assim busquei por uma lista confiável de
lançamentos dos filmes.
A lista presente no site oficial da Marvel inicia com o filme Howard The Duck, sabe Deus o que é
isso, mas podemos levar em consideração que tenha realmente começado com Blade.
Todavia na wikipédia a lista se estende ainda mais nos apresentando filmes
ainda mais antigos que Blade 1998. Nela se inclui Capitão América 1944, dois em
1979 e um em 1990 com uma versão quase idêntica da atual 2011. Nesta lista também
se encontram filmes como: Dr. Estranho de 1978, Nick Fury: Agente da
S.H.I.E.L.D. também de 1998 e Quarteto Fantástico 1994. A segunda resenha
aqui apresentada me pareceu que o primeiro filme da Marvel havia sido Blade
(Não sei se pareceu isso para vocês também).
Contudo fiquei curioso a respeito
da velha safra dos filmes e que ligação ela teria com a resenha de Odair Braz Jr.
Seja como for, as evidências são claras a respeito da grande jogada cinematográfica
da Marvel para alcançar a maior bilheteria da história. Espero que tenha se surpreendido também com o texto que eu trouxe até você e quiserem busquei a revista e leiam os outros artigos também, que valem muito a pena. Abraços!
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